Resenha – Crônicas da Tormenta Volume 2 Parte 2

Seguimos com a nossa sequência de resenhas do Volume 2 das Crônicas de Tormenta.

Você também pode conferir a nossa primeira leva de resenha.

E não esqueça, que eles contém spoilers.


A NOVA ARMADURA DE KATABROK

Um conto de Rogério Saladino, um dos criadores do universo Tormenta, que compõem o trio original. O conto traz um dos personagens mais icônicos do cenário; Katabrok o bárbaro, que de bárbaro só tem o nome, (inclusive em ficha oficial no manual do combate – ele é um guerreiro). Além dos feitos históricos, de suas muitas (muitas mesmo) bravatas e feitos incontáveis, somos apresentados a um grupo até incomum de aventureiros. Um anão bardo e um elfo que duvida a cada meio segundo das capacidades de seu companheiro.

Inclusive esse ponto de vista do elfo Thaethnem é interessante pois reflete a nossa perspectiva em entender as capacidades e vivência deste personagem. É um conto pequeno e cômico, fluido e de ótima escrita (não é um dos criadores de um universo de rpg existente a 20 anos à toa), com a história e desfecho rápido, arrisco dizer inclusive que reflete diretamente em como a sorte pode influenciar diretamente seus personagens – ou seja, que Nimb sempre role bons dados pra você.


O CORAÇÃO DE ARTON

Escrito por Lucas Borne (autor de o Labirinto de Tapista), o conto nos leva a uma história intimista de uma gema, uma pedra preciosa e única cuja existência data da criação do mundo, da junção do Nada e o Vazio.

Ela descreve a sua passagem por Arton, até o seu primeiro contato com humanoides (anões), como cada um deles a trata de forma diferente. Seja contemplativa ou ostensiva, os muitos nomes que lhe é dado vão desde gema, pedra preciosa, tesouro ou herança.

Todo o curso é uma montanha russa de emoções que podem ser sentidas genuinamente caso se permita, inclusive a passagem de tempo, ou no caso da gema, em como a passagem de tempos para os humanoides que a chamam de vida é única, sem retorno e por isso para ela é difícil entender esse ciclo.

Cada novo estágio que a gema passa pela sua criação, a descoberta, lapidação, banhada magicamente e incrustada em armas até a sua reparação é sentida em cada linha, seus temores, anseios e suas descobertas do novo mundo, esse mundo chamado Arton.

Banhado por uma “gema” única chamada de sol ou de Azgher. Enfim, recomendo a leitura deste conto que acredito ter muito mais em sua essência, mais em suas entrelinhas do que a primeira impressão que obtive.


ANÁBASE

Davide di Benedetto é um dos escritores recorrentes da Dragão Brasil, onde ele escreve Pequenas Aventuras, ótimos ganchos com resoluções simples mas que podem ser exploradas pelos mestres. Esse conto é ótimo, porém a sua continuação na DB 131, tem um impacto maior principalmente no lore do cenário, pois abrange a invasão purista em Bielefeld.

O conto traz a história de um elfo do mar, Fintan, aparentemente sem chances de vitória ou redenção, em uma batalha onde o cenário não o favorece de forma alguma, para logo em seguida sermos levados à um flashback e conhecermos mais o personagem.

Fintan então é um elfo-do-mar, príncipe de um reino submarino que não encontra ou conhece seu lugar no mundo, indeciso sobre defender sua pátria submarina ou a costa e colina do reino que o acolheu, ele busca conselho de seus ancestrais e uma companheira sereia clériga de Tanah-Toh, que tem uma particularidade no registro do conhecimento adquirido.

As batalhas, os últimos suspiros de guerreiros caídos, intrigas palacianas, são armazenadas em conchas (instigando a criação de um personagem clérigo com alguma característica única como essa), conchas utilizadas inclusive para invocação das preces e magias divinas. Ambos tem uma relação de respeito e admiração mutua, apesar da personalidade um pouco controversa de Fintan, devido a sua indecisão sobre quem ele é, o que ele deve fazer, reflete em sua forma humana que no começo da batalha se assemelha a uma mulher onde ele encara os preceitos (preconceitos!) impostos por seu povo onde fêmeas não lutam, não são fortes, não são guerreiras.

Esse tipo de pensamento impacta diretamente em seu embate com seu algoz, um antigo general, traidor e sem escrúpulos que utiliza qualquer coisa para alcançar a vitória. Após a lembrança se esvair, o embate chega ao fim com a chegada de seus aliados e a certeza e convicção de quem ele é, o que deve fazer e a quem deve proteger.

Leandro “Krolaf Wolfes” Moreira

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